quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Os cristãos acreditavam que os reis representavam Cristo, a França é um exemplo disso

 

Numa das discussões que tive na internet, eu argumentei que os franceses acreditavam que os seus reis representavam Cristo, eles eram tenentes de Deus e que os bispos da França ensinavam essa opinião. 

Já o meu opositor contra-argumentou dizendo que isso era fruto da heterodoxia dos franceses. 

Se lermos um importante livro, A Conjuração Anticristã de Monsenhor Henri Delassus, perceberemos que a opinião é ortodoxa e tradicional. 

Segundo o Cardeal Merry Del Val, o Papa S. Pio X elogiou o livro e deu até a sua bênção ao Monsenhor.

"Sua Santidade vos felicita afetuosamente por haverdes levado a bom termo a composição desta obra importante e sugestiva...

As ideias e diretrizes de vosso belo trabalho são aquelas que inspiraram os grandes historiadores católicos: a ação de Deus nos acontecimentos deste mundo, o fato da Revelação,o estabelecimento da ordem sobrenatural, e a resistência que o espírito do mal opõe à obra da Redenção. Vós mostrais o abismo a que conduz o antagonismo entre a civilização cristã e a pretensa civilização que regride em direção ao paganismo. 

Quanta razão tendes em estabelecer que a renovação social só se poderá fazer através da proclamação dos direitos de Deus e da Igreja! 

Ao vos exprimir sua gratidão, o Santo Padre faz votos de que possais, com uma saúde sempre vigorosa, realizar inteiramente o plano sintético que traçastes, e como sinal de Sua particular benevolência, Ele vos envia a Bênção Apostólica. 

Com meus agradecimentos pessoais e minhas felicitações, recebei, Monsenhor, a certeza dos meus sentimentos bem devotados em Nosso Senhor." (pág 7)

Agora se olharmos o capítulo LXX. "Que esperar da França?", perceberemos que o Monsenhor acreditava que os reis da França eram representantes de Cristo e que eles representavam a sua majestade. Assim como o clero do Sacro Império Romano, o clero do Império Bizantino, o clero do Império Russo e etc.

É importante notar que, se a opinião fosse herética, heterodoxa e galicana, esse livro não teria aprovação do Santo Ofício. Ele não poderia ser publicado e muito menos teria elogios do Santo Padre.  

Vejam as citações:

"Pelo segundo erro e segundo atentado, a França estava colocada fora das tradições do gênero humano. Jamais, em toda a história, algum povo deixou de colocar a religião como fundamento à sua constituição, às instituições públicas e às leis. Nenhuma nação havia feito melhor do que a França; ela serviu mesmo, sob esse aspecto, de modelo aos povos modernos; foi ela a primeira a reconhecer a divina majestade de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Sua Igreja. O rei da França intitulava-se lugar-tenente de Jesus Cristo e proclamava, perante todos, os direitos soberanos do Salvador através dessa inscrição gravada nas nossas moedas: Christus vincit, regnat, imperat, palavras inspiradas por aquelas do Intróito da Epifania: Jesus Cristo tem em sua mão o reino, o poder e o império. Et regnum in manu ejus et potestas et imperium: "Ó povo dos Francos, exclamava em 1862 o cardeal Pie , remontai ao curso dos séculos, consultai os anais dos vossos primeiros reinos, interroga os feitos dos vossos ancestrais, as proezas dos vossos pais, e eles vos dirão que na formação do mundo moderno, no momento em que a mão do Senhor modelava novos povos ocidentais para agrupá-los, como uma guarda de honra, ao redor da segunda Jerusalém, a posição que marcou para vós, a parte que construiu para vós, vos colocava à testa das nações católicas. Vossos mais intrépidos reis proclamaram-se 'oficiais de Cristo'"". (pág 544).

"Os homens da Convenção quiseram ferir em Luís XVI não apenas um homem, não somente um Rei justo, mas o próprio Cristo, do qual ele era ministro, a própria Cristandade, da qual ele era o chefe. O que eles queriam derrubar com sua cabeça era a fé de Clóvis, de Carlos Magno, de São Luís; era o representante mais elevado, após o Papa, do direito divino que eles se vangloriavam de destruir. Eles queriam "descatolicizar não menos que desmonarquizar" a França e a Cristandade; eles queriam, em Luís XVI, atingir a "infame", "esmagar a infame". Pela intenção, o regicídio era, segundo certos homens, um verdadeiro deicídio." (pág 545).

"Existe um pecado da França como existe um pecado do povo judeu. O pecado nacional do povo judeu é o deicídio; o pecado nacional da França é o regicídio, é a Revolução e o liberalismo. Explico-me: Israel quis matar Jesus Cristo como Deus, a França em revolução quis matá-Lo como rei. O atentado cometido contra Luís XVI tinha seu contragolpe direto contra a própria pessoa de Cristo. Não foi o homem que a Revolução quis matar em Luís XVI, foi o princípio que o rei da França representava; ora, esse princípio era o da realeza cristã. Que quer dizer realeza de Cristo; é por isso que os reis da França se intitulavam oficiais de Cristo". Foi com este pensamento que Joana d'Arc, restabelecendo sobre a terra a realeza legítima, disse a Carlos VII: "Vós sereis lugar-tenente do rei dos céus que é rei da França". (pág 546).

Em suma, pelas citações podemos ver que os franceses e o próprio rei acreditavam que o monarca era tenente de Deus, representante da majestade de Cristo e ministro de Deus. Como foi dito, isso não acontecia somente na França, mas acontecia em outros reinos também. 

Não é uma heresia ter essa opinião em relação aos reis cristãos. Se fosse, o papa S. Pio X não iria permitir a publicação da obra do Monsenhor Henri Delassus. Se ela fosse publicada, ela seria publicada como uma obra herética e não como uma obra cristã.

Fonte: DELASSUS, Monsenhor Henri. A Conjuração Anticristã. O Templo maçônico que quer se erguer sobre as ruínas da Igreja Católica. Castela Editorial. 2º edição 2016.

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